segunda-feira, 21 de setembro de 2015

EU, SENHOR DO TEMPO!

A forma com que aprendemos a contar o tempo talvez seja a maior invenção do homem para administrar o meio onde vive. O tempo, ciclico como o conhecemos foi concebido a partir de calendários, sendo o primeiro calendário  criado na Mesopotâmia, por volta de 2700 a.C. 

É por intermédio do calendário que discriminamos nossa memória; por ele também que aprendemos a condicionar a nossa vivência, nossa idade e nossa noção de juízo. Tenha certeza que se caso seja acometido de uma pancada na cabeça, como parte do diagnóstico, o médico lhe perguntará se você sabe em que dia esta vivendo. O tempo está atrelado a nossa consciência!

É por meio do tempo que nos estabelecemos como seres em evolução.

O tempo possui um viés muito particular. Apesar de ser vivido de forma distinta para cada um, o tempo acaba por passar de forma igualitária à todos nós. 

Construções metafísicas à parte, racionalmente falando, costumo dizer que só existe um tempo: o hoje! O passado é o resultado do que fizemos com o hoje, no ontem. Já o futuro é o que pretendemos fazer com o hoje no amanhã.

Logo, essa nossa tendenciosa mania de lamentar o que já passou ou sofrer pelo que virá, é, uma forma desinteligente de viver o único tempo que temos, o hoje.

Sei o quanto pode ser difícil se livrar das amarras traumáticas das situações de dor e angustia ocorridas em nossa história. Sei também da aflição da espera por uma notícia, por um novo dia ou por uma mudança que situamos no porvir. Mas precisamos entender que a base para o que se tornará história está no fôlego, e não no passar das horas. Está nas ações e não nos resultados dela.

Se a depressão pode ser entendida como excesso de ontem, a ansiedade seja, talvez, excesso de amanhã. 

Nosso problema é que tentamos contar os nossos dias, mas não sabemos como vivê-los. Nossa vida é formada de segundos que formam minutos, que formam horas, que formam dias, meses e anos. E tudo isso pode virar em nossa memória recheada de lembranças, a redução a sombra de uma separação,  um dia de demissão ou ainda a chegada de um filho ou aquisição de um bem material. O reducionismo reina em nossa mente e nos faz trocar as notas de cem por moedas de dez, no quesito tempo.

Uma das características do sábio, é a capacidade de se colocar em relação ao tempo em que vive. O controle das emoções nasce ai, e isso não significa garantia de acertos ou sorte, mas a certeza de que não seremos meros reféns do que passou ou do que há de vir.

"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios." (Salmos 90:12)

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