segunda-feira, 17 de agosto de 2015

RICOS & ILUDIDOS!


Riqueza nunca sai de moda e dita tendência em todas as gerações. Tem aqueles que nascem já ricos e prolongam sua dinastia expandindo mazelas e dores decorrentes do alto custo de se manter uma vida de status e políticas vaidosas.
Tem quem nasce pobre e galga arduamente a progressão de seu capital, com muito foco, força e fé. Tem quem trabalhe a vida toda sem, contudo, conseguir acomodar debaixo do seu colchão, um mísero vintém.
A diferença entre as classes sociais são cada vez maiores e quanto a isso, vemos todos os dias milhares de pensadores discursando sobre o porque das coisas, em uma eterna falácia de algo há tanto tempo já discutido.
Há um texto bíblico que relata um diálogo entre um príncipe e Jesus, que me chama atenção não pelo fato da riqueza o distingui-lo, mas sim, de que mesmo sendo príncipe, aquele homem se portou como um pobre, numa demonstração de humanidade fora do comum.

"E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.
Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.
E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.
Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico.
E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" (Lucas 18:18-24)

O príncipe sofria de um mal extremamente comum: a angústia! Sua riqueza, bondade e postura, até então, não lhe davam o que este procurava... O sentido de sua existência!

Após ser indagado por Jesus, o príncipe se vê um uma situação de extrema sensibilidade: Encontrar sentido no desapego!

A angústia da incompetência é uma das maiores formas de stresse que podemos vivenciar, uma vez que somos dotados de habilidades para sermos conquistadores e toda vez que isso não é manifesto, encontramos uma voz rouca e doentia a ressonar dentro de nós o nosso fracasso.

Na busca por sentido, aquele rico estava preocupado. Preocupar-se é uma maneira de glorificar-se a si mesmo. Uma forma um pouco bizarra de reconhecer suas potencialidades e demonstrar apego por elas.
Ao falar de si para Jesus, o príncipe passou a consolidar  suas experiências através da ótica com que Cristo lhe via, e assim mais uma vez sua angústia da incompetência foi manifesta, em forma de tristeza, talvez por não conseguir ver-se pobre, talvez por se ver merecedor de uma salvação  sem esforço, ou até mesmo inapto para o desafio que lhe era proposto.

Dificilmente um príncipe é um conquistador, normalmente ele herda um bem ou riqueza e talvez por isso perguntou a Jesus como haveria de herdar a vida eterna. O que ele não sabia, era que desde os dias de João Batista, o Reino de Deus é tomado por esforço e só os fortes se apoderam dele (Mt 11:12).

Tal qual o personagem da história, nossa conduta quase sempre é baseada em nossas experiências e assim seguimos atrelados ao nosso passado.

uma das grandes lições que Cristo nos ensina é que a vida eterna comeca aqui e que nenhum evento externo é suficientemente capaz de ditar o nosso valor. O fato de ser rico apenas colocava aquele homem na condição de ser humano em sua diversidade, mas angustiado, preocupado e entristecido como tantos pobres que conheço.

Ao contrário do que muitos pensam, acredito que não há grande virtude em herdar um bem quando não se tem um coração conquistador, pois assim sendo, haverá apego sem apreço, medo de mudança e variações.

Sejamos conquistadores, principalmente no aspecto subjetivo. O exercício do desapego só acontece para quem deseja conquistar, e sabe conquistar.

O príncipe em seu diálogo, nos permitiu grande aprendizado: O de quem herda teme perder e quem conquista sempre saberá repartir!

Semente boa, esta!

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