terça-feira, 1 de setembro de 2015

O DESAFIO DE APRENDER A COMER SEM PAGAR: A ORDEM INVERSA DE UM FAVOR IMERECIDO

Você já foi convidado para um jantar na casa de algum conhecido? Já esteve em algum lugar a pedido de alguém, e após comer, beber e se fartar, sentiu aquela estranha sensação de estar sendo dispendioso? como se mesmo sendo gratuito, o favor devesse ser pago? Bom, estou falando de um sentimento bastante antiquado para nossa época. 

Ora, mas haveria de ser mesmo, pode pensar algum leitor. Coisa mais descabida sentirmos incomodados por usufruirmos de alguma hospitalidade gratuita. 

Mas o que dizer daqueles pensamentos obsessivos acerca de uma ética prototipicamente construída, que quase nos desencarna e nos faz vermos a nós mesmos como se fôssemos um outro a nos observar. Ética essa que muitas vezes nos impede de receber algo de alguém por não nos julgarmos merecedores de tal ato.

Primeiro cabe ressaltar que antes de tudo isso, a noção que temos de nós mesmos é subjetiva, ou seja, construída com base naquilo que carregamos em nós e expressamos por meio de nossas crenças e idealizações. E para evitar que sejamos reféns da obscuridade de nossas (in)certezas, todos nós em algum momento acabamos lançando mão de um dever moral, manifesto em normas e convenções sociais. E assim, através da moral, aprendemos sobre as coisas consideradas certas e as que são erradas e escolhemos entre elas o caminho que iremos trilhar. No final das contas a sociedade sempre baterá a porta e se apresentará com sua aparência maquiada e cheia de zelo ao cumprimento dos bons costumes.

Mediante ao desempenho da ética pessoal, caberá a nós decidir sobre qual conduta adotar. Se partícipes do sistema doutrinador ou às avessas, avassaladores com uma conduta atípica, mas original.

Minha proposta está longe de ditar tendências comportamentais, nem tão pouco pretendo dizer se isto é certo e aquilo errado, mas sim suscitar uma reflexão sobre como estamos enquanto seres éticos  atravessados por uma moral coletiva.

Sem falar em dinheiro, pergunto: Quem de nós nunca se sentiu responsável por ressaltar todos os atributos de um alimento àquele que nos conferiu, como se o elogio/reconhecimento fosse a forma de quitarmos o favor recebido.

"Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." (Salmos 23:5)

O texto bíblico é uma representação grandiosa da ética divina. Mesmo não sendo merecedores, Deus prepara a nós uma mesa diante dos nossos inimigos, unge nossa cabeça e faz nosso cálice transbordar.

De acordo com uma convenção social, jantar com alguém é uma das formas de expressar estima, que é um valor subjetivo.

Essa posição de honra é imerecida, logo, não temos como pagar.  O problema passa a existir então quando a nossa ética nos limita a receber apenas o que merecemos e nos impede de alcançar tal favor.  

A ética do falho é retrógrada e não interage com a graça de Deus. O novo nascimento fala disso.

A realidade cristã é tomada de esperança. Aceite o convite do banquete e prove sem culpa da parte que lhe cabe e que não lhe custou. Comungue com Cristo a ceia que Ele pagou.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sempre é preciso ser falado sobre a graça imerecida vinda de Cristo, perfeita analogia! Obrigado pela modelo em destaque!

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