segunda-feira, 23 de maio de 2016

UMA VIDA FEITA DE QUASE

Acabo de ler um texto publicado no site Spirit Science com o título: The 3 Simple Truths of Life (As três simples verdades da vida). Um belo texto de pegada Humanista com enfoque no poder transformador da decisão.

Confesso que frustrei minhas expectativas que até então eram das mais otimistas em relação ao conteúdo, talvez por ser "do contra" e discordar de quase tudo nessa vida, ou  talvez por perceber que a ideia ali manifesta corresponde a algo engessado que nem sempre funciona para todo mundo.

Pudera os conteúdos de auto ajuda serem distintos em suas argumentações de forma a se encaixar em todos os padrões de comportamentos, mas não são, e talvez por isso, nossa tendência seja achar toda leitura a este respeito sempre muito bela, poética, e até exequível, mas fundamentalmente sem resultado efetivo.

Desacredito as certezas absolutas. Uma fórmula de sucesso para algo fluído, como é a vida, nunca estará plenamente pronta. Viver é colecionar um somatório de experimentações. A gente só sabe que ao nascer, se tudo correr bem, vamos crescer, evoluir e migrar para uma finitude. Todo o demais bebe em conflitos, equívocos e apostas. Vivemos muito mais no "quase" do que no "com certeza". 

Ao contrário do que se apregoa, a vida no "quase" é muito mais comum do que se pensa e não há nada de errado em vivenciá-la. 
Somos uma geração de pessoas quase livres, quase felizes e quase prontas para quase tudo.

A maioria de nós faz parte do grupo dos medianos, nem tão bons, nem tão maus. E eu, particularmente, não vejo mal nenhum nisso. Ok, eu quase vejo um mal nisso.

Tão grandioso quanto ser "o melhor" deve ser o peso que se carrega por este título, ainda mais numa sociedade competitiva como esta nossa. Tudo bem que em se tratando de merecimento por competência, o título nunca será uma ameaça de perda eminente. Mas não é para os tais que escrevo hoje.
Por isso me conformo em ter um texto quase bom.

Enquanto o gringos escrevem sobre três verdades simples para vida, eu ponho em vogue apenas uma: A de que somos quase. Não pense você que estou a fazer apologia a mediocridade de uma vida simples. O que estou a propor é uma reflexão sobre o que vivenciamos de fato entre uma vitória e outra, ou entre uma derrota e outra. 

Bastante clichê a expressão "tudo é relativo", mas eu concordo com ela.
O texto que li dizia que se não formos atrás dos objetivos não iremos conquistar o que queremos. Este conceito é belo e até faz sentido, mas isso não é uma verdade absoluta. Há vários processos sendo desencadeados ao nosso redor sem que a gente saiba e é por eles que as surpresas costumam vir. Podemos sim colher onde não semeamos, desde que isso não nos seja uma expectativa, pois a surpresa esperada não é uma surpresa, mas sim apenas uma constatação. Surpresas dependem mais de um altruísmo alheio do que de nós.

Outro ponto que o texto trás é que se não perguntarmos, a resposta será sempre não. Torno a dizer: Tal afirmação é relativa. O sim não está atrelado ao ato de perguntar. O sim é uma consequência de algo que se pressupõe, ou quase isso.
Uma série de portas fechadas está mais relacionada a outros motivos maiores dos que aqueles que nos impede de tocar as campainhas.
O último ponto de discordância do texto humanista que trago é a retórica de que se não dermos um passo a frente, estaremos sempre no mesmo lugar. Entendo que o objetivo desta afirmação é levar a reflexão sobre o estado de inércia que prejudica muitas pessoas, contudo, vale considerar as mudanças que o ambiente ao nosso derredor sofre e acabam fazendo com que nos modifiquemos também. Não há como negar que somos, em parte, produtos do meio e que nesse quesito, acabamos rechaçados por um movimento maior que o nosso.
Mas sobretudo, minha crítica maior é relativa a inobservância dos efeitos da empatia. Não espero que percamos a consideração sobre a importância de termos nas mãos as rédeas da nossa vida. Só espero, contudo, que não deixemos de considerar o outro na sua subjetividade, nos colocando em seu lugar. Isso nos fará permanecer humanos quanto ao sentir, e em sendo assim, considerar as nuances que atravessa a vivência humana, tão complexa mas também ao mesmo tempo tão passível de experimentação.
Ao invés de esperar a ação do outro, que tal se colocar no lugar dele e tentar compreender as razões de sua inércia?

Se você quase entendeu o que eu estou a dizer, tenho uma boa notícia: você está no caminho certo!

"...se alguém se considera importante, não sendo nada, engana a si mesmo. Mas cada indivíduo avalie suas próprias atitudes, e, então, saberá como orgulhar-se de si mesmo, sem viver se comparando com outras pessoas." (Gal. 6:3,4) 





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