sexta-feira, 20 de novembro de 2015

SÓ É LIVRE PRA VIVER QUEM É LIVRE PRA SONHAR

Estranha forma essa nossa de existir. Para nos mantermos vivos precisamos alimentar nosso corpo, compensá-lo com o descanso e ainda nos certificar do seu bom funcionamento.

Para nos mantermos vivos, precisamos receber todos os cuidados necessários até nos sentirmos capacitados para operar com nossos instintos e estímulos, num mundo altamente competitivo onde quase nunca se pode ter o que se deseja.

Para nos mantermos vivos, temos que interagir com uma sociedade hipócrita que nos diz o que é o certo e errado e assim nos molda mediante a nossa capacidade de servir.

Assim, para nos mantermos vivos nos juntamos e ajustamos a multidão. Nos permitimos massificar e responder às expectativas criadas a partir de um modelo. Para nos mantermos vivos, precisamos abandonar parte de nossa subjetividade, aprendendo a ser como os demais, a preferir como os demais... A viver como os demais.

Mas eu pergunto: Seria isso vida? Acordar sempre às seis da manhã para se sentir produtivo. Trabalhar de segunda à sexta para honrar os compromissos e a própria identidade, afinal de contas, a gente é o que a gente faz (pelo menos foi isso que a sociedade ensinou). 

Ter os sábados e os domingos para sentir a liberdade de poder acordar mais tarde, cuidar da casa, dos filhos. Planejar as férias e deixar para viver de verdade só lá. 

Seria isso vida, o descompasso entre a dedicação ao trabalho e a dedicação aos projetos pessoais? A condição precária com que nos valorizamos, quando nos valorizamos.

Que vida é essa nossa, que nos acostumamos com o importuno do vizinho em nome da boa convivência? Que fazemos das compras nos supermercado um dos raros momentos de lazer. Que nos conectamos com uma ampla rede social virtual, deitados solitários em um quarto escuro.

Longe de mim evocar toda a ideologia do destino, mas será que em se tratando de "Maktub", haveria mesmo de ser assim?
Talvez tantos questionamentos tragam um desconforto a você leitor, contudo, o privilégio da dúvida, cabe sempre aos mais sábios.

Feito o possível auto retrato contemporâneo, passemos a suscitar o cerne da questão:  Onde estão os seus sonhos?

Sim, pois haveria de ser os sonhos uma forma de personificação daquilo que realmente a gente é. Pessoas podem ter sonhos parecidos, mas nunca idênticos, uma vez que eles procedem do interior de cada um. 

O que foi feito com os sonhos da meninice? Foram desacreditados? Esquecidos? Substituídos pelas prioridades?

O sentido da nossa existência está ligado diretamente aos sonhos e desejos que trazemos dentro de nós e não ao quanto funcional e produtivo podemos ser.

Sonhar é uma forma de acessar o que de mais importante trazemos conosco, afinal de contas já dizia o célebre Sigmund Freud que todo sonho é a realização de um desejo.

Sonhar é transcender as experiências com o tempo; é trazer a tona uma verdadeira identidade; é esfregar autonomia na cara da sociedade.

Para nos mantermos vivos é necessário sonhar pois o sonho liberta a alma cansada e devolve a integridade dos dias perdidos.

O sonho desaloja a realidade sofrida; aposta na possibilidade da impossibilidade. É a combustão que a lagarta precisa em seu enclausuramento.

O sonho é a melhor maquiagem para o rosto cansado. E para os que não sabem: De todos os sonhos, o melhor deles, é aquele que sonhamos acordados.

Liberte seus sonhos do cativeiro, enquanto é tempo!

"Quando o SENHOR trouxe do cativeiro para Sião, ficamos como os que sonham." (Salmos 126:1)


















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