sábado, 5 de dezembro de 2015

A GÊNESE DO ERRO

Sabe aquela sensação que bate de vez em quando, que a gente fez tudo errado? Quem é que nunca se sentiu meio desorientado ao perceber apenas as más consequências de seus atos?

"Ah se pudesse voltar no tempo", diriam alguns. Mas isso, como já sabemos, é impossível. Impossível também  adiantá-lo para poder passar ileso aos dissabores que provocamos.

Errar é uma das formas de exercer um movimento, muitas vezes precipitado. Errar é o risco de quem escolhe acertar.

Atrevo-me a acreditar que existam erros, errinhos e errões, dependendo do tamanho do alcance e dos prejuízos ocasionados.

O erro arrasa a nossa moral, nos coloca em um lugar de destaque extremamente angustiante, justamente no momento em que mais precisamos ser fortes para encarar de frente todos os abalos com disposição para refazer, reconstruir e até mesmo renunciar.

O erro nos desnuda, nos transcende a força e confiança, indo de encontro ao nosso ideal de Eu.   Duro entrave se forma quando nos deparamos com um fenômeno por nós provocado, o qual se volta em evidência a nossa vulnerabilidade.

Para nos defender da vergonha que sentimos, tendencialmente nos revestimos de orgulho, e tentamos ao máximo não nos sentirmos comovidos com a situação que se apresenta. Mecanismo de defesa, dos mais primários.

A falta de habilidade em lidar com as  emoções é mais evidenciada em situações de vulnerabilidades e isso não pode servir de desculpa para justificar o erro, seja ele qual for.

Uma vez acontecido, cabe a nós, além do corar de vergonha, a disposição em operar com os efeitos que o erro nos causa, para, depois, avaliarmos a melhor forma de agir.

Engana-se quem pensa que é necessário força para resistir ao erro, uma vez que os erros nem devem ser resistidos, mas enfrentados com senso de reparação.

É importante ressentir-se, lidar com o real; e isso ocorre com maior clareza quando abrimos mão de nossas razões. Aliás, quem disse que quem erra tem razão? 

Cabe a nós seres errantes, buscarmos maior sintonia com as nossas emoções, para conseguirmos seguir em frente mesmo com tantos erros. A resiliência é uma dádiva: ela amadurece a alma, gera bons hábitos e é evidenciada em momentos de grande pesar.

Permitir que o outro se afogue no lago do nosso erro é uma crueldade sem tamanho. Uns o fazem por ignorância, outros por insensatez. 

Admitir o erro não faz de nós inimputáveis, antes, endossa a nossa responsabilidade para com o outro. 

Quantos de nós já se viu com um potencial aparentemente propício ao erro e inversamente proporcional ao reparo?  Isso condiz com a forma com que nos vemos. 

Uma mão é sempre uma mão, independente se está limpa ou suja. Seu potencial permanece o mesmo! Assim é conosco. 

Reparar o erro, a priori, pode parecer uma tarefa árdua, mas é plenamente importante, uma vez que os erros precisam ter prazo de validade. Errar é humano e persistir no erro também o é. Já corrigi-los é da parte do divino se levarmos em conta o desprendimento sobre humano que é o exercício do perdão; tanto ao que dá, quanto ao que recebe.

Não existe quem nunca erre, por isso, pare de cobrar uma perfeição fantasiosa de si e do outro. Procure olhar para a vida com o mesmo olhar que um aluno atento desprende a sua professora. Deixe ela o ensinar para além dos seus limites.

Aceite sua condição, mas nunca se acomode!
Que de cada erro brote o desejo de acertar. Que de cada acerto sobre tempo para olhar aos lados e reparar o que ficou. Porque sempre fica algo a ser feito... Sempre.
Que assim seja, amém!

"Se andei com falsidade, e se o meu pé se apressou para o erro (Pese-me em balanças fiéis, e saberá Deus a minha sinceridade)"...
(Jó 31:5,6)











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