quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

MEMÓRIAS DE UM CORREDOR!

Quando os dias parecem longos demais e por esta razão os problemas  custam a serem resolvidos, você então passa a comer além da conta para suportar o vazio de um dia longo demais e porque comeu você dorme e porque dormiu você acorda com a sensação de que nada viveu. Nesse instante você se lembra do estresse do presente e pensa: Correr é preciso.
 
Quando os pensamentos são maiores que a sua cabeça e você de pensar quase chega a esvair-se. Quando não consegue dar nome ao que sente e por não nomear, você não fala sobre e por não falar você acaba empilhando seus sentimentos sem qualquer ordem ou sentido. Nesse instante você se dá conta que Bem Estar pode ser uma questão de sorte; daí você logo conclui: Correr é preciso.

Quando o dia nublado acaba por refletir o seu estado de espírito e você até  tenta chorar na expectativa de alívio, mas não consegue, você vai até a janela e observa aquelas lágrimas que caem do céu e escorrem pela vidraça. Ali você sente inveja do céu enegrecido por perceber que ele se expressa de alguma forma. Nesse instante você pensa: correr é preciso.

Quando os sonhos são expressos em números, e os números em valores, você se dá conta de que Ter não é Ser. Nesse instante, com um coração vazio e o bolso cheio, você lembra que correr é preciso.

Quando a música enjoa e a TV empobrece, você se lembra de quem você já foi e se alegra, por saber que lá no fundo,  mesmo com tanto mal- humor, tal qual um parque de diversões desativado, você ainda é em si sua melhor atratividade. E por lembrar disso você corre, porque correr é preciso.

Quando a insatisfação ganha contornos consideráveis e os contornos volumes, você descobre na balança o quão sabotador de si pode ser e por se sentir um gordo de alma doente você corre, porque correr aqui é mais que preciso.

Quando a solidão grita aos seus ouvidos uma verdade que lhe constrange, e as paredes da casa tornam-se altas e intransponíveis feito as paredes do seu coração, você percebe que já faz algum tempo que nada adentra em lugar algum. Assim só lhe resta um fôlego para fugir e por esta razão você corre, corre porque correr é preciso.

Quando o dia amanhece e anuncia a possibilidade da virada do jogo, você se revigora e se livra do gosto da noite mal dormida e para se conectar a esta energia, você corre, corre porque correr é preciso.

Quando você corre, percebe a vida fluir por entre as veias. Ouve sua própria respiração e se alegra na certeza de estar vivo. 

Vivo, porque viver é preciso.

Haja o que houver, viver é preciso. Mesmo que o ócio reine, sempre haverá uma forma de movimentar-se.
A corrida não é só uma metáfora para ilustrar a quebra da ociosidade, ela é uma forma de acionamento da energia vital que mantém nosso corpo em equilíbrio. 

Correr além de oxigenar nosso cérebro e nos propiciar saúde cardiovascular, é também um excelente meio de entrarmos em contato com os nossos sentimentos superficiais que abundam a desordem da nossa mente. Entrar em contato com eles é o primeiro passo para organizá-los.

Sempre há uma saída, ainda que ela não venha a se parecer com uma. 

Perto da meia noite, do fundo de um escuro cárcere nasceu uma canção de liberdade para quem encontrava-se preso no corpo mas livre na alma!

"E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.
O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco.
E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.
E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos."

(Atos 16:23-26)


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